quarta-feira, 16 de abril de 2008

"Passo a mão pela almofada
tentando agarrar o que me foge
momento que não volta
porque estás não estando.

Recuso-me a cair na tentação do desgosto
ou reter o que me não pertence
porque tudo pode ser cenário de teatro
não este amor que não é falso.

Sabes o que me faz, não sei se é lamento,
recordar e sem mágoa continuar a gostar de ti?
Este amor que é livre, não é teu, nem de outro
É meu, sem amarras, pleno.

Como animal posso rugir, espernear
porque o que é primário e animal em nós
emerge na pele
Pele que amacia e torna-se molde e espelho
de uma imensa serenidade na razão
razão que não é única
mas com um olhar perdido no horizonte.

Respiro fundo e como num exercício de yoga,
reencontro a felicidade, nada temo
de nada não fujo,
vivo porque assim tem que ser."

Falsos Amores - Joana C

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Murmúrios

" Se me movesse o impulso razão
guardaria a emoção numa concha
bem no fundo do mar
mas guardaria no coral mais bonito do mundo.

Se me movesse a emoção
teria a razão como minha sombra
bem agarrada á minha pele
dama de companhia insubstituível.

Mas não consigo chegar ao fundo do mar
nem ter a razão como dama de companhia
Solto os murmúrios de uma consciência
que toco ao de leve as ondas do mar
e acarinha a minha pele.

Como que tocada pelo vento,
folha que dança no chão pela vontade deste
sem querer mas deixando-se embalar
nesta melodia sem destino
levada apenas pelo murmúrio do vento.

Assim me deixo levar
numa liberdade sem limites
sem horizontes por descobrir
num murmúrio de queixume
num múrmurio de mais querer..."

Falsos Amores - Joana C.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Falso Amor

"Neste falso amor, amo-te
Nesta ausência de carinho, sinto a saudade
Anseio teu toque, tua palavra
Num delírio insensato de ternura

Na presença da dor da ausência
Sorrio pela lembrança
Ai suspiro, como suspiro
Pelo falso amor que me tens

Não sofro de desejos por satisfazer
Não tenho lágrimas para ti
Apenas curiosa, da cena seguinte
Pois consigo sem ti viver

Faz-me falta o sol da manhã
O silêncio da música serena
O som da passarada ao fim da tarde
Encostar o rosto na almofada

Sim…minto, ás vezes, apenas ás vezes
Sinto necessidade desse falso amor
Reclamar tua presença
Como se fosse a única coisa que faz diferença

Apenas por momento
Espreito por essa janela
Não querendo mas espreitando
Neste falso amor onde amo-te"


Falsos Amores - Joana C.

domingo, 6 de abril de 2008

"Chamas-me, aqui estou

Chego da mesma maneira que parti
Despida de amor, despida de tudo

Assumo por uns segundos
as vestes que desejaste em sonhos mais íntimos

Toco o teu rosto de menino rebelde
Onde se esconde o medo da solidão

Chamas-me, aqui estou

Apressas o toque, apressas essa urgência incontida
Meia perdida, desorientada por essa sede

Tento adivinhar onde encaixo
Nessa fantasia tantas vezes repensada.

Chamas-me, aqui estou

Buscas no segundo
Libertar essa fúria da natureza

Que recebo despida de tempo
Liberta de anseios desenhados num script

Chamas-me, eu vou."

Falsos amores - Joana C.

Luz de um olhar

"Na luz de uma qualquer foto não escondes o teu olhar
Buscas memórias de vivências perdidas
Tentas prender no instante
Onde recordas os gestos que se foram esfumando
No imperdoável ressentimento do tempo.

E eu olho-te na busca desse calor que partilhaste num seio alheio
Prevejo o gozo desse teu olhar
Num convencimento de macho.

Encurralas o ser que na tua frente se apresenta
Como se desse instante valesse uma eternidade a reter na minha memória.

E quedo, deixo cair o meu rosto sobre o peito, de cabelos soltos
Num desalento momentâneo e fugaz.

E nessa foto que continua a reter o enigma do teu olhar
Estremeço num mar de ondas bravas, parto de mãos trémulas
Vibrando por dentro, insatisfeita pela ausência do ser."


Falsos Amores - Joana C.

Mentira de vida

"Procuro um bocado de papel
e se á dias minha emoção pedia que as palavras de carinho chegassem até ti
numa adrenalina de euforia
hoje invade-me uma tristeza num silêncio vazio de emoções.

Este silêncio que martiriza minha quietude
pois teima em me ludibriar
Apenas porque pensei em ti e te desejei num sonho à muito idealizado.

Se hoje acordo com este vazio
o devo á apatia dos gestos, no calar contido que foi distorcido
Engano meu, que não percebi?

Entrego a minha ingenuidade neste mundo de emoções
que me guiam num labirinto sem saída e no qual me esgoto
Paro na próxima viragem e agarro a cabeça entre as mãos
e repito vezes sem fim, só preciso esquecer o que teima em ficar.

Da vontade de espernar num grito de lágrimas entro num histerismo
pela patetice de querer amar o que não está para mim disponível
afasto as eternas interrogações existênciais que como fantasmas
dançam no frenesim da minha dor.

Refém das emoções, desejo que o tiro da misericórdia
acabe com este viver insensato de querer um abraço onde me sinta em casa
do olhar preso num sorriso só meu
onde possa libertar este Eu que não tem meio termo, nem medida.

Este fogo de querer viver que me vai minando
me deixa sem forças e cheia de perguntas sem respostas
e enrosco-me sobre mim quieta nesta dor que me consome
desisto de procurar, desejar, de amar...quero parar de sonhar."

Falsos Amores - Joana C.

terça-feira, 1 de abril de 2008

É de madrugada e o sono desapareceu, tenho o pensamento preenchido de deveres e obrigações que tenho de fazer durante este dia.

Mas não é apenas isso que me mantém desperta.

Os ciclos que compõem uma vida, e dos quais muitos deles nem nos apercebemos, acabam por retornar e isso está acontecendo um pouco comigo. Principalmente com pessoas e momentos da minha vida que os vivi e que agora voltam até mim, acompanhados de memórias e vivências, completando-se, e eu sentindo que é um novo ciclo que aí vem para eu o agarrar e viver.

E o que de bom tem isto é que não foram momentos maus ou de azares, mas apenas de acontecimentos que tiveram a sua ocorrência nos momentos em que crescia no mundo do trabalho, como jovem adulta e que sem querer me trazem sorrisos, um bem estar de ter partilhado e participado neles.

Isto tem vindo acontecer um pouco antes do Natal e vai continuando...

Falo de uma pessoa que, segundo ele, já me conhecia ou tinha ouvido falar de mim uns bons anos atrás.

Conheci-o pessoalmente há uns meses atrás quando ele visita o meu escritória e diz minha colega que me conhecia desde o tempo que trabalhava em Braga, ai uns 10, 9 anos atrás. E eu não fazia a mínima ideia, apenas me lembrava de um Nuno que visitava a OPS e que tratava de documentação relativa a produção de contratos.

Após umas visitas da sua parte em que não me encontrava, lá nos encontramos um dia...e foi uma boa surpresa em muitos aspectos.

Cada um de nós tem a sua hístória de desencontros e encontros de vida e da minha parte vou descobrindo muitas coisas em comum.

Sábado noite fomos tomar café a Braga...uma boa conversa acompanhou o nosso serão e algumas descobertas da sua vivência pessoal, e gostei de, depois de contar sobre os desencontros que a vida lhe tem apresentado, dizer que há pessoas com situações de vida bem piores e sorrir.

Gosto de quem se ri das atropelias que acontecem e olham de frente o que aí vem.

Está a construir-se uma bonita amizade e isso faz-me feliz.