Do livro de "Este mundo sem abrigo" de Jorge Gomes Miranda
«Poema de Amor»
"-Fecha a porta, se não te importas
de viver o que resta ainda de um dia
vacilante e cruel junto do meu corpo.
-Ela está fechada, há muito tempo
a passos indecisos, vozes maldizentes
dos que advogam a tua perdição.
-Então, de onde vem a corrente de ar
que sinto sempre que olho lá para fora,
abro um livro na quietude letal da tarde?
-Da tua imaginação.
-Não te apoquentes com a desordem
aparente dos meus gestos, a ansiedade
com que confiro o resultado das análises.
-Sossega, corre uma brisa na penumbra,
o frigorífico está cheio, e não há contas para saldar.
-Em fuga vamos por palavras que protegem
para no instante seguinte traírem, quem saberá?
-Amei-te pela frontalidade com que dizias
o que eu não estava á espera de dizer."
Deslumbrante....
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